Garoto, a "tubaína" paraense |
De volta a Belém para comer bem. E não há maneira melhor de descrever a culinária dessa cidade como o melhor
tesouro da culinária brasileira. A verdade é que não só sabores, mas também
cores e sensações se tornam ubíquas na mesa.E o paraense ri, diz que são
coisas tão corriqueiras que nem fazem muito sentido serem descritas e
exploradas.
Como já conheciamos o Ver-o-Peso e outros
pontos turísticos, chegou a vez de se aprofundar em restaurantes mais
tradicionais, do gosto dos locais, e o escolhido foi o Milleo, indicação do
amigo Eurito.
O
Milleo visto de fora não chama muito a atenção de ninguém, talvez pela grande
quantidade de carros na porta. Ou para alguém que não é de Belém, a enorme
propaganda de refrigerantes Cerpa (não se vende cerveja). Eurito comentara
sobre os sanduíches Beirute feito com ingredientes locais e esse foi o prato escolhido.
Beirute com ingredientes típicos do Pará |
No cardápio simples de papel xerocado, a
busca era pelos especiais. Uma mistura que infelizmente estava dispersa em duas
opções, que no final ficou assim: pão sírio, pirarucu, jambu e queijo de
Marajó. Os ingredientes estão explicados aqui. A história é o seguinte...Não tem nada igual.
Sério, arrume suas malas e vá provar! O pão vem tostadinho, o pirarucu
levíssimo e presente na medida exata. O queijo de Marajó é um primo simpático
do nosso coalho feito com leite de búfala e que chega em fatias grossas o
suficiente para não derreter e sim grelhar. E o jambu? Dá aquela sensação de
dormência gostosa (como se houvesse beijado uma
tomada). Acrescente a pimenta com tucupi e um suco de muruci. Uma sensação vai
percorrer sua boca, os lábios, até seus neurônios. E então, pergunte-se como não havia
provado isso antes.
Luiz contente e Pedro, o dono do pedaço |
Pedro, o dono do lugar há 27 anos, veio até nós. Ele passa de mesa em mesa
cumprimentando calorosamente os comensais, e ainda fez-nos provar o
milk-shake de açaí – 150ml dá quase uma refeição. Lembrando que o açaí no Pará não é o que
comemos no sudeste, não.
Por último, me presenteou com meio beirute de camarão
rosa, chicória, queijo de Marajó e jambu, acompanhando de guaraná garoto em
garrafa retrô (foto). O camarão vem temperado e em quantidade para que esteja presente em cada mordida. Cada mordida.
Fui embora não só satisfeito. Fui contente.
Acho que vou virar embaixador da cozinha paraense.