domingo, 9 de junho de 2013

Guia para comer bem em Buenos Aires

Buenos Aires é logo ali. Pertinho da gente mesmo, menos de três horas de voo saindo de São Paulo e... hola! Mesmo com a proximidade, é um mundo totalmente diferente, de cultura ao culto do futebol, tango e comida (o que importa mesmo neste blog). O portenho tem uma relação particular com a mesa, interessante, pois é distinta da nossa aqui. Vemos, por exemplo, ainda muitos restaurantes tradicionais, que se gabam de existir desde os anos 30 e 40, a grande oferta de bons deals para o café da manhã com promoções de té, media lunas, tostadas, com pouca oferta de frutas mas com aquele suquinho de pomelo que pouca gente se acostuma pelo amargor.  Ainda tem os alfajores, sorvetes artesanais deliciosos, o purê de calabaza (abóbora) e a alma da cidade mais charmosa deste lado da América.

Direto ao assunto
A carne e seus cortes locais chamam sempre a atenção. Bondiolas, riñones, morcillas, chorizos, ojo de bife, bife de chorizo... O bom é provar sempre de
Ojo de bife do El Establo
tudo, numa boa parrillada para matar a fome e deixar qualquer um satisfeito. Tente o La Cabrera ( J A Cabrera 5099, em Palermo) mas evite as armadilhas para turistas em Recoleta. Ainda compareça no El Establo (Paraguay 489, Microcentro) para comer como e com argentinos. Lá, a pedida é uma entrada de morrones, o suculento ojo de bife, e para sobremesa não evite o flan con dulce de leche. O vinho da casa é sempre bom, o serviço é correto e honesto. E ainda aceitam reais, com câmbio melhor do que as casas especializadas.
Las papas fritas inigualáveis 
Na moeda brasileira, também comemos em dois lugares bastante tradicionais de Buenos Aires: as batatas-souffle indefectíveis do Palacio de la Papa Frita (Corrientes 1612 e mais três endereços), com mais de 60 anos e sempre, sempre lotado. O maître em Corrientes deve ser tão antigo quanto a casa, que às vezes peca um pouquinho na limpeza mas tem um menu turístico beeem atraente – 130 pesos pelos cubiertos (o nosso couvert, com pãozinhos e manteiga), entrada com cinco opções, prato principal com 7 ou 8 opções (incluindo ojo de bife com as batatas-souffle e ovo frito),  4 opções de sobremesa e, ufa! – uma bebida: água, refrigerante (gaseosa), cerveja em garrafa ou copo de vinho. 130 pesos dá R$50. Não tá bom?
Super Vermiccelli com molho fileto do Pippo
Se ainda não tá bom, vire a esquina e vá até a Montevideo, onde você encontrará algumas opções como Chiquilín, Lalo, Las Cañas, e Pippo (Montevideo 341) que serve massas e carnes há mais de 70 anos. Peça a morcila e o chorizo. E prepare-se para as massas deliciosas e em quantidades altamente satisfatórias – provamos  os ñoquis, o super vermiccelli e o spaghetti. Os molhos tuco (tipo bolonhesa)  e fileto (só tomate) satisfizeram bastante. O queijo ralado vem junto num potinho, extra custa 6 pesos. A cerveja de litro é Quilmes. O vinho da casa também é muito bom.

Comida étnica e local
Empanadas, onipresentes e uma ótima opção. A favorita é a 1810 já visitada por este blog, clique aqui para conferir. Dessa vez, provamos a La Americana (Callao 83 e outros endereços), correta e bem recheada. E demos com a cara na porta do Sanjuanino (Posadas 1550) porque chegamos meia hora atrasados. A chuva e uma visitinha ao Patio Bullrich são culpados. Prove também empanadas e pizzas no La Rey de las Empanadas (Corrientes 965) pertinho do Obelisco, e pizzas no Guerrín (Corrientes 1368) as melhores de lá.
Saindo um pouco Microcentro, em Villa Crespo você encontra La Crespo (Thames 612). Reduto da comunidade judaica, o bairro oferece muitas panaderias que vendem boas empanadas, kniches e sanduíches. No La Crespa, você encontrará  um simpático casal comandando a casa e uma vitrine com humus, fígado batido com cebola , lajmajin (esfiha turca), knish de salmão e o excelente sanduíche de pastrami quente, com mostarda e pickles, ao estilo das delis de Nova York. E se você está em Belgrano, passe pela calle Juramento e faça uma parada em uma padaria estilosa – a BRÖT (Juramento 2621) e seus croissants de chocolate. Não vai se arrepender.

Helados 

Flan con dulce de leche do El Establo, sobremesa típica de Buenos Aires
Buenos Aires não estaria completa sem uma visita a alguma sorveterias da cidade. As heladerias argentinas já têm até filial em São Paulo, caso da Freddo. Mas o sorvete argentino vai muito além disso. Como houve uma massiva imigração italiana em fins do século XIX e começo do século XX, a tradição das gelaterias acompanhou-os ao novo mundo. A Freddo e a Persicco tem inúmeras filiais pela cidade, e convém sempre provar as variações de dulce de leche que cada uma tem. No Freddo, adoramos o Dulce de Leche con Vauquita (Vauquita é uma barra de doce de leite). Na Persicco, combine dulce de leche com algum sabor de fruta (Naranja con durazno, ou laranja com pêssego completam-se bem). Uma casquinha pequena, geralmente entre AR$ 24-28 (uns R$10) levam dois sabores e satisfazem. 

Encontre também uma Un’Altra Volta (tem um no Paseo Alcorta) e prove, além dos sorvetes, os chocolates e alfajores; na calle Florida e na Galerias Pacífico, descanse das compras com un helado de frutas do Abuela Goye e suas delícias da Patagônia.  Finalmente, mas não para o final, visite a Cadore. Provavelmente, a melhor sorveteria de Buenos Aires e uma das mais antigas. Situada e expremida na Calle Corrientes 1656, tem uma variada gama de sabores e não saberiamos dizer qual é o mais gostoso (figo com nozes? Mascarpone com frutas vermelhas?). Por isso, vá e nos convença do melhor sabor!